Adenomiose uterina: saiba tudo

protótipo do sistema reprodutor feminino exibido por uma mulher com as mãos sobre o ventre

Neste post você vai saber

A Adenomiose uterina é uma condição ginecológica frequente, caracterizada pela presença do tecido que reveste o útero (endométrio) infiltrado em sua parede muscular (miométrio). Essa infiltração pode levar ao aumento do útero, cólicas intensas e sangramentos abundantes.

O que é?

A Adenomiose uterina é uma condição benigna do útero, onde o tecido endometrial, que normalmente reveste a cavidade uterina, se desenvolve de forma anormal dentro da camada muscular do útero, o miométrio. Embora não seja um câncer, essa presença atípica do endométrio causa uma inflamação crônica e o espessamento da parede uterina, podendo levar ao aumento do tamanho do órgão e a sintomas dolorosos e de sangramento intenso.

Quais os tipos?

A adenomiose uterina pode se apresentar em diferentes formas, classificadas de acordo com a extensão e localização da infiltração do tecido endometrial no miométrio:

Adenomiose Uterina Difusa

É o tipo mais comum, onde o tecido endometrial se espalha de maneira mais uniforme e generalizada por toda a parede muscular do útero.

Adenomiose Uterina Focal

Neste tipo, o tecido endometrial invasor se concentra em áreas específicas do miométrio, formando nódulos ou massas bem definidas, por vezes chamadas de adenomiomas.

Adenomiose Uterina Superficial

Ocorre quando a infiltração do endométrio na parede uterina é menos profunda, afetando apenas as camadas mais externas do miométrio.

Adenomiose Uterina Profunda

Caracteriza-se por uma infiltração mais acentuada do tecido endometrial, atingindo camadas mais internas e profundas do músculo uterino.

Adenomiose Uterina Incipiente

Refere-se aos estágios iniciais da condição, onde a infiltração é discreta e os sintomas podem ser menos evidentes.

 

Quais as causas?

As causas exatas da Adenomiose uterina ainda não são totalmente compreendidas pela ciência, mas diversas teorias são exploradas, indicando uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais:

  • Invasão Direta do Endométrio: Uma das teorias mais aceitas sugere que células do endométrio podem crescer diretamente para dentro do miométrio. Isso pode ser facilitado por traumas no útero, como cirurgias prévias (cesarianas, curetagens ou miomectomias), que criam pontos de entrada para o tecido.
  • Origem Embrionária: Outra hipótese considera que a adenomiose uterina se origina de tecido endometrial que foi depositado incorretamente na parede muscular do útero durante o desenvolvimento fetal.
  • Disfunção Hormonal: O estrogênio é um hormônio crucial para o crescimento do endométrio. Acredita-se que níveis elevados ou um desequilíbrio hormonal possam estimular a infiltração e o crescimento do tecido endometrial no miométrio.
  • Células-Tronco: Há pesquisas que investigam o papel das células-tronco, que poderiam ter a capacidade de se diferenciar em tecido endometrial no local errado, contribuindo para o desenvolvimento da adenomiose uterina.

A adenomiose uterina é mais frequentemente diagnosticada em mulheres na faixa dos 35 aos 50 anos, especialmente aquelas que já tiveram gestações.

 

Quais os sintomas?

Os sintomas da Adenomiose uterina podem variar significativamente de intensidade ou, em alguns casos, serem completamente ausentes. Os sinais mais comuns incluem:

  • Menorragia (Sangramento Menstrual Abundante): Um dos principais indicativos da Adenomiose uterina, caracterizado por períodos menstruais com fluxo muito intenso e prolongado, que pode levar à anemia.
  • Dismenorreia (Cólicas Menstruais Severas): Dores pélvicas intensas e debilitantes durante a menstruação, frequentemente piores do que cólicas menstruais comuns e que podem se agravar com o tempo.
  • Dor Pélvica Crônica: Uma dor constante na região da pelve, que pode não estar restrita apenas ao período menstrual, impactando o dia a dia da mulher com Adenomiose uterina.
  • Dispareunia (Dor na Relação Sexual): Desconforto ou dor durante ou após o intercurso sexual.
  • Aumento do Volume Uterino: O útero pode ficar maior e mais globoso devido ao espessamento da parede muscular, o que pode ser percebido como um “útero com Adenomiose aumentado” ou inchaço na região abdominal.
  • Sensação de Peso na Pelve: Devido ao aumento do útero, algumas mulheres com esta condição  podem sentir uma pressão ou peso na região pélvica.
  • Inchaço Abdominal e Gases: A Adenomiose uterina pode causar gases e uma sensação de inchaço na barriga.
  • Outros Sintomas: Em casos menos comuns, a condição também pode levar a dor nas costas ou nas pernas, além de alterações no ciclo menstrual, como atraso.

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico preciso pode ser um desafio, pois seus sintomas são frequentemente semelhantes aos de outras condições ginecológicas. 

  • Histórico Clínico e Exame Pélvico: O ginecologista irá coletar informações detalhadas sobre seus sintomas e histórico médico. Durante o exame físico, pode-se notar um útero aumentado, amolecido ou sensível à palpação, características sugestivas de adenomiose uterina.
  • Ultrassonografia Transvaginal (USG): É o exame de imagem de primeira linha para suspeita de adenomiose uterina. Ele permite visualizar a parede uterina e identificar sinais como miométrio heterogêneo, pequenas lesões císticas dentro do miométrio e assimetria das paredes uterinas. Um ultrassom detalhado é crucial.
  • Ressonância Magnética Pélvica (RM): Considerado o “padrão ouro” para o diagnóstico não invasivo da Adenomiose uterina. A ressonância magnética oferece imagens de alta resolução que permitem avaliar a extensão da infiltração endometrial, diferenciar a adenomiose de miomas e planejar o tratamento.
  • Histopatologia (Análise de Tecido): O diagnóstico definitivo da adenomiose uterina só é confirmado através da análise microscópica de amostras do tecido uterino, geralmente obtidas após uma histerectomia.

 

É grave?

A Adenomiose uterina, por si só, não é uma doença maligna nem fatal, e não se transforma em câncer na vasta maioria dos casos. Contudo, ela pode ser considerada “grave” no sentido de causar sintomas crônicos e debilitantes que afetam profundamente a qualidade de vida da mulher. O sangramento menstrual excessivo (menorragia) pode levar a quadros de anemia, fadiga e mal-estar. As dores pélvicas intensas e a dismenorreia podem ser incapacitantes, comprometendo o desempenho no trabalho, a vida social e o bem-estar psicológico. Em casos de sintomas severos e não controlados, a adenomiose uterina pode ter um impacto significativo e, por isso, requer atenção médica especializada.

 

Tem cura?

A cura definitiva da Adenomiose uterina ocorre apenas com a remoção completa do útero (histerectomia). Uma vez que o tecido endometrial se infiltra na parede muscular do útero, ele não pode ser completamente removido de forma conservadora. No entanto, é muito importante ressaltar que existem diversas opções de tratamento que visam controlar e aliviar significativamente os sintomas da adenomiose uterina, melhorando a qualidade de vida da mulher e, em muitos casos, permitindo a preservação da fertilidade e evitando a cirurgia radical. O foco está no manejo eficaz dos sintomas e na busca por bem-estar.

 

Quais os tratamentos?

O tratamento da adenomiose uterina é altamente individualizado e depende da intensidade dos sintomas, da idade da paciente, do desejo de gravidez e da extensão da doença. Na Clinica Zucchi, oferecemos um leque de opções para gerenciar a adenomiose uterina:

Tratamentos Medicamentosos

  • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Utilizados para aliviar a dor menstrual e reduzir o sangramento.
  • Terapia Hormonal:
    • Contraceptivos Orais Combinados (Pílulas): Podem diminuir o fluxo menstrual e as cólicas ao suprimir o crescimento do endométrio. A escolha do melhor anticoncepcional para adenomiose uterina é feita com orientação médica.
    • Progestagênios (como Dienogeste): Administrados continuamente, ajudam a atrofiar o tecido endometrial e a reduzir a menstruação e a dor. O dienogeste é frequentemente indicado para adenomiose uterina.
    • Análogos do GnRH: Induzem uma menopausa temporária, diminuindo drasticamente os níveis hormonais e aliviando os sintomas.
    • Sistema Intrauterino Hormonal (DIU Mirena): Libera levonorgestrel, um progestagênio, diretamente no útero, afinando o endométrio e reduzindo sangramento e dor. O DIU Mirena para adenomiose uterina é uma opção muito eficaz para controle a longo prazo.

Tratamentos Minimamente Invasivos

Embolização da Artéria Uterina: Um procedimento que bloqueia o fluxo sanguíneo para as áreas afetadas do útero, causando sua diminuição e alívio dos sintomas. É uma alternativa para quem deseja preservar o útero.

Tratamentos Cirúrgicos

  • Ressecção de Adenomiomas (Cirurgia Conservadora): Em casos de adenomiose uterina focal, pode-se tentar remover cirurgicamente os nódulos. No entanto, é um procedimento complexo e pode haver recorrência.
  • Histerectomia: A remoção total do útero é o único tratamento curativo para a adenomiose uterina. É indicada para mulheres com sintomas severos e que já completaram sua prole ou não desejam mais ter filhos.

 

Como prevenir?

Atualmente, não há métodos conhecidos para prevenir o desenvolvimento da adenomiose uterina. Devido à complexidade e à falta de clareza sobre suas causas exatas – que podem envolver fatores genéticos, hormonais e mecânicos (como cirurgias uterinas prévias) – não existem estratégias preventivas específicas que possam ser recomendadas. O foco, portanto, recai no diagnóstico precoce da adenomiose uterina e no manejo eficaz dos sintomas para minimizar seu impacto na vida da mulher.

 

Perguntas relacionadas

Adenomiose uterina e gravidez: é possível engravidar com Adenomiose uterina?

Sim, é totalmente possível engravidar com adenomiose uterina, embora a condição possa, em alguns casos, dificultar a concepção ou aumentar o risco de complicações durante a gestação. A Adenomiose uterina pode influenciar a implantação do embrião e a manutenção da gravidez devido a alterações na parede uterina. Para quem deseja engravidar com Adenomiose uterina, a Clinica Zucchi oferece acompanhamento especializado em Reprodução Humana e, se necessário, opções de tratamento que visam otimizar a fertilidade, como medicamentos ou técnicas de reprodução assistida (FIV). A gravidez com Adenomiose uterina deve ser monitorada de perto por um especialista.

Qual a diferença entre Adenomiose uterina e Endometriose?

A principal diferença está na localização do tecido endometrial. Na Adenomiose uterina, o tecido que reveste o útero cresce para dentro da sua própria parede muscular (miométrio). Já na Endometriose, esse tecido cresce fora do útero, em outros órgãos da pelve (como ovários, tubas uterinas, bexiga ou intestino) ou, raramente, em locais mais distantes. Ambas as condições podem coexistir, causando sintomas semelhantes como dor e sangramento.  

Adenomiose uterina na menopausa: a condição desaparece?

Sim, geralmente a condição tende a regredir ou até mesmo desaparecer após a menopausa. Isso ocorre porque a Adenomiose uterina é uma doença que depende dos hormônios ovarianos, principalmente o estrogênio. Com a queda significativa dos níveis de estrogênio na menopausa, o tecido endometrial invasor atrofia, resultando em um alívio substancial ou na resolução completa dos sintomas.

Adenomiose uterina e mioma são a mesma coisa?

Não, adenomiose uterina e miomas (leiomiomas) são condições distintas, embora ambas afetem o útero e possam apresentar sintomas semelhantes, além de poderem coexistir. Miomas são tumores benignos que crescem a partir do tecido muscular do útero, formando massas bem delimitadas. A adenomiose uterina, por outro lado, é a infiltração do tecido endometrial na própria parede muscular do útero. É comum encontrar um útero com adenomiose uterina e miomas, e o plano de tratamento deve considerar ambas as condições.

Quem tem Adenomiose uterina pode fazer academia ou pegar peso?

Em geral, quem tem Adenomiose uterina pode e deve manter uma rotina de exercícios físicos, incluindo atividades de academia e levantamento de peso, desde que se sinta confortável e que a atividade não agrave a dor. A prática regular de exercícios pode, inclusive, ajudar no manejo da dor e no bem-estar geral. Em dias de cólica intensa ou sangramento abundante, é aconselhável reduzir a intensidade. 

A Adenomiose uterina é uma condição ginecológica que, apesar de benigna, pode causar sintomas severos e afetar significativamente a qualidade de vida. Compreender a doença é o primeiro passo para buscar o tratamento adequado. 

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Foto de Dra. Carla Zucchi
Dra. Carla Zucchi

Dra. Carla Zucchi é médica formada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma instituição. Possui título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela FEBRASGO (TEGO). Atualmente, é coordenadora e professora da pós-graduação em Ginecologia Clínica da Faculdade CETRUS.

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