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A canelite, conhecida tecnicamente como Síndrome do Estresse Tibial Medial (MTSS – Medial Tibial Stress Syndrome), é uma dor comum e muitas vezes incapacitante que afeta principalmente atletas, com destaque para corredores e praticantes de esportes de alto impacto. Representa uma das lesões por sobrecarga mais frequentes nos membros inferiores. Sem um diagnóstico e tratamento adequados, a canelite pode progredir, limitando severamente o desempenho atlético, interrompendo treinos e, em casos mais graves, evoluindo para fraturas por estresse. No entanto, com a implementação de estratégias de cuidado, prevenção e reabilitação eficazes, é totalmente possível aliviar a dor, alcançar a recuperação completa e retornar à prática esportiva de forma segura e sustentável.
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A canelite, ou Medial Tibial Stress Syndrome (MTSS), é uma condição inflamatória caracterizada por dor ao longo da borda interna ou anterior da tíbia (o osso da canela). Essa inflamação afeta os músculos (como o Tibialis Posterior, Soleus e Tibialis Anterior), tendões e o periósteo (a membrana que reveste o osso) onde esses músculos se inserem na tíbia. É considerada uma lesão por sobrecarga, resultante de estresse repetitivo no osso e nos tecidos moles circundantes.
A canelite é tipicamente uma lesão de uso excessivo, desencadeada por uma combinação de fatores que aumentam a carga sobre a tíbia:
O sintoma principal é a dor localizada ao longo da borda interna ou anterior da tíbia.
O diagnóstico da canelite é primariamente clínico, baseado na história detalhada do paciente (tipo de atividade física, histórico de lesões, progressão dos sintomas) e em um exame físico minucioso. Durante o exame físico, o profissional de saúde palpará a tíbia para identificar a localização e extensão da dor e sensibilidade. Testes de movimento e força muscular também podem ser realizados. Exames de imagem não são necessários para confirmar a canelite em si, mas podem ser solicitados para descartar outras condições com sintomas semelhantes, como fraturas por estresse, tendinites ou síndrome compartimental crônica por esforço. Radiografias podem ser úteis para excluir fraturas óbvias, enquanto uma cintilografia óssea ou ressonância magnética são mais sensíveis na detecção precoce de fraturas por estresse ou para avaliar o grau de inflamação do periósteo e dos tecidos moles.
Sim, a canelite tem cura. Com um plano de tratamento adequado, paciência e adesão às recomendações, a grande maioria dos casos se resolve completamente. A recuperação envolve não apenas tratar os sintomas, mas também identificar e corrigir as causas subjacentes (como ajustes no treino, calçado e biomecânica) para prevenir a recorrência.
A canelite em si não é uma condição grave no sentido de risco à vida, mas pode ser extremamente dolorosa e limitante, impedindo a prática esportiva e atividades diárias. Se ignorada e não tratada, a inflamação crônica e o estresse repetitivo na tíbia podem levar a complicações mais sérias, como a evolução para uma fratura por estresse da tíbia, que exige um período de recuperação muito mais longo e complexo. Portanto, embora não seja grave inicialmente, sua progressão pode levar a lesões graves.
O tratamento inicial para canelite geralmente segue o protocolo PRICE (Protection, Rest, Ice, Compression, Elevation) ou RICE (Rest, Ice, Compression, Elevation), adaptado para Protection.
Medidas de autocuidado incluem:
A prevenção é fundamental, especialmente para atletas. Algumas medidas incluem:
Inicialmente, exercícios de baixo impacto (natação, ciclismo, elíptico) são indicados para manter a forma física sem sobrecarregar a canela. Uma vez que a dor diminui, o foco é fortalecer os músculos da perna:
Alongar os músculos da panturrilha é crucial:
Um bom tênis deve oferecer:
Sim, meias de compressão podem ajudar na canelite. Elas promovem a circulação sanguínea, reduzem o inchaço e podem fornecer um suporte adicional aos músculos da panturrilha, diminuindo a vibração e o estresse durante o impacto.
Para a canelite, o gelo é geralmente mais indicado, especialmente na fase aguda ou após o exercício. O gelo ajuda a reduzir a inflamação, o inchaço e a dor. O calor pode ser útil em casos crônicos antes do alongamento para relaxar os músculos, mas deve ser usado com cautela se houver inflamação ativa.
Sim, a musculação é permitida e até recomendada, desde que não cause dor na canela. Exercícios de fortalecimento para o core, quadril, joelhos e tornozelos são benéficos para melhorar a estabilidade e corrigir desequilíbrios musculares que podem contribuir para a canelite. Exercícios de perna que não gerem impacto direto na tíbia (como leg press, cadeira extensora ou flexora) podem ser feitos, evitando atividades como saltos ou corrida na esteira.
O Código Internacional de Doenças (CID) mais utilizado para a Síndrome do Estresse Tibial Medial (canelite) é M76.8, que se refere a “Outras entesopatias do membro inferior, exceto do pé”. Especificamente, algumas classificações podem usar M76.8×2 (referindo-se à região tibial).
A canelite é um desafio comum para atletas, mas com conhecimento e as estratégias certas, é totalmente superável. Entender as causas, reconhecer os sintomas precocemente e seguir um plano de tratamento adequado, incluindo repouso, fisioterapia e correção dos fatores predisponentes, são passos cruciais para uma recuperação completa e um retorno seguro e sem dor ao esporte.